sexta-feira, 18 de maio de 2012

Limpando seus LPs de um jeito diferente!

Você ainda tem LPs em casa? Você é como eu, que adoro um LP, tenho imensa satisfação em ouvir um belo disco, sinto prazer em ver o grande bolachão de vinil girando no prato sendo gentilmente sulcado pela agulha? Se você é assim, veja aqui uma forma inacreditável de remover impurezas, pó, mofo e etc das suas lindas bolachas pretas!

Você provavelmente vai se assustar com o que vai ver (sim, ver! É uma vídeoaula!) mas é perfeitamente seguro. Se estiver inseguro, pegue um disco de pouca importância e faça nele seus testes. Você vai se surpreender!

Sem mais delongas, o vídeo. Bom proveito!

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Protegendo informações importantes

Nossa dependência do computador aumenta constantemente. Muitas das nossas tarefas diárias, tanto profissionais quanto pessoais, já são rotineiramente feitas em computadores, smartphones, tablets e todos os outros brinquedinhos eletrônicos de que dispomos hoje em dia. Em nosso deslumbramento com a tecnologia, com sua sedutora capacidade de nos encantar, nos esquecemos que ela nos torna mais expostos do que em qualquer outro período da história humana.
Existem tantas informações importantes armazenadas nesses equipamentos que seria mandatório tomarmos cuidados suficientes para garantir que ninguém tenha acesso indevido a elas. No entanto, nosso comportamento é francamente leviano, quando não infantil, quando o assunto é privacidade e segurança das informações. Para começar, o mais óbvio: nossas senhas. Estamos carecas de saber o que não fazer na hora de escolher uma senha e mesmo assim ainda estamos usando datas de nascimento, nomes de filhos ou cônjuges e outras obviedades. Estranhamente, esse comportamento irresponsável diante da informática é o oposto daquilo que fazemos em qualquer outra atividade do nosso dia-a-dia. Temos cada vez mais trancas em nossas portas, tomamos cuidado ao entrar ou sair do carro, sempre desconfiamos de qualquer estranho que se aproxime, etc. Se pararmos para pensar, nós deveríamos tomar ainda mais cuidado com informações sensíveis porque elas estão mais fragilizadas devido ao nosso comportamento inadequado.
Um dos temas que vou abordar hoje (e há muito mais o que se discutir) é o que fazer para proteger informações em seu computador. Você tem documentos com dados financeiros, declarações de imposto de renda, extratos bancários, etc., estocados no seu computador. Pode até mesmo ter arquivos de conteúdo muito sensível, como e-mails e fotos/vídeos que você certamente não gostaria de ver divulgados. A cada semana temos notícias de que fotos e vídeos de personalidades vazaram na internet. Creio que já ficou bem claro que é importante tomar alguns cuidados.
Um procedimento muito básico mas largamente negligenciado é codificar tais arquivos com senhas que impeçam acessos indevidos. Aqui, é importante que se tenha duas coisas em mente: primeiro, que a senha que você vai usar para codificar os arquivos precisa ser uma senha considerada “forte”. A segunda é que a forma de codificar esses arquivos também seja considerada “forte”.
Você deve saber o que é uma senha forte. Se não sabe, deixe-me dizer-lhe então o que é uma senha “fraca”: sua data de nascimento, seu número de telefone, o nome do seu cônjuge ou de seus filhos, o apelido pelo qual todos o conhecem, etc. Essas são coisas tão óbvias que chamá-las de senhas é risível. Senhas fortes não podem ser óbvias. Senhas consideradas fortes sempre mesclam caracteres maiúsculos com minúsculos, incluem dígitos e símbolos, além de não serem muito curtas. A mistura de caracteres como descrito (maiúsculas, minúsculas, dígitos, etc.) evidentemente reforça uma senha pois criará “palavras” que não se referem a nenhum detalhe da sua vida que possa ser usado como tentativa de adivinhação e também produzirá palavras que não existem nos dicionários. Isso é muito importante porque uma forma de se quebrar uma senha é pelo método chamado de “força bruta”, ou seja, tentativa e erro.
Programas dedicados à quebra de senhas pelo método da força bruta que incluam alguma inteligência não vão simplesmente tentar todas as combinações possíveis de caracteres uma a uma porque isso pode levar literalmente uma eternidade. Em vez disso, eles podem tentar usar palavras de um dicionário ou combinações de letras que envolvam seu nome, seu aniversário e demais pedaços de informação que se tenha a seu respeito. Somente depois de varrer todo esse arsenal de “chutes” é que o programa começaria a tentar permutações uma a uma na tentativa de achar a combinação correta. E é aqui que entra a importância de se ter uma senha longa.
Vamos supor que um programa consiga testar 1.000 senhas por segundo. Se a sua senha tiver só letras minúsculas e um comprimento de 6 caracteres, estamos falando de uma senha que pode ser montada de 266 formas diferentes, que significa que o programa poderá ter que testar até 308.915.776 senhas até achar a certa. A um ritmo de mil tentativas por segundo, ele levaria 308.915 segundos ou perto de 86 horas, o que não é tanto tempo assim. Afinal, estamos falando das suas fotos picantes publicadas na internet menos de 4 dias depois de terem sido surrupiadas.
Por outro lado, se a senha tiver não 6 mas 7 caracteres, o número máximo de tentativas sobe para 8 bilhões e o tempo salta para 2.231 horas ou 93 dias. Veja que o acréscimo de um único caractere aumentou muito a dificuldade envolvida na quebra de uma senha. Se misturarmos letras maiúsculas e minúsculas, dígitos e símbolos como @, #, $ e %, teremos não mais 26 caracteres possíveis para cada posição da senha mas sim 66. Uma mesma senha nessas condições e que tenha apenas 6 caracteres de comprimento, que é considerado pouco, não gera mais 308 milhões de possibilidades como a anterior. Em vez disso, estaremos falando de mais de 82 bilhões de possibilidades! Com 7 caracteres serão 5 trilhões e meio! A quebra de uma senha pelo método da força bruta se torna inviável na prática. Espero que tenha ficado bem claro a importância de se escolher bem a senha que protegerá sua vida.
O segundo item a ser observado é a força do programa que codificará seus arquivos. Acredite você ou não, nas primeiras versões do compactador PK-Zip, que instituiu o famoso formato de compressão .ZIP, a senha do arquivo ficava armazenada no próprio arquivo! Assim, você nem precisava tentar adivinhar a senha. Bastava usar um dos muitos programas que sabiam exatamente onde a senha estava salva e pronto. O programa recuperava a senha e a usava para abrir o arquivo supostamente protegido. Claro, hoje ele não faz mais isso mas é uma demonstração de como você pode se sentir protegido de forma enganosa.
Uma das maneiras mais fáceis de proteger seus arquivos é usar programas de compactação que permitam o uso de senhas e que usem métodos seguros para fazer isso. Posso citar dois: o WinRAR, excelente programa que, no entanto, é pago e outro igualmente bom chamado 7-zip que também produz ótimas taxas de compressão dos arquivos e ainda tem a nada desprezível característica de ser gratuito. Ambos permitem criar arquivos compactados que contenham um ou mais de seus arquivos pessoais. No momento da criação desse arquivo compactado você fornecerá uma senha (forte, eu espero) que será exigida no momento da descompactação. Assim, somente quem conhece a senha pode abrir o arquivo e ver o que ele contém. Além disso, ambos também permitem codificar não apenas o arquivo em si mas também o nome dos arquivos nele incluídos. Isso quer dizer que a senha seria necessária até mesmo para ver a lista dos arquivos que estão armazenados nesse arquivo compactado. Depois de criar uma versão compactada e criptografada dos seus arquivos pessoais, você deve apagar esses arquivos originais do seu computador e ficar somente com a versão protegida.
Mas lembre-se: esses programas são tão seguros que se você por acaso vier a se esquecer da senha utilizada, nem mesmo você terá acesso aos seus dados! E nem o produtor dos programas poderá ajudá-lo, prova de que a proteção é mesmo efetiva. Portanto, tenha certeza de escolher uma senha forte mas que não seja difícil para você memorizar. Crie arquivos compactados e criptografados de tudo que for importante para você, apague os arquivos originais para ficar somente com as versões protegidas e durma tranquilo. Se algum desses arquivos for parar em mãos erradas eles serão inúteis. Seu conteúdo não poderá ser violado.
Em breve outros conteúdos relativos a segurança. Aguarde.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Adianta caçar bruxas?

Você deve ter lido em algum lugar. Saiu em tudo quanto é blog, página de notícias, jornais e até na Veja. O site de compartilhamento MegaUpload foi fechado. Mas você sabe o que era esse site ou, melhor dizendo, qual serviço ele prestava?

Esse tipo de site serve para armazenar arquivos em servidores centralizados e, portanto, disponíveis em qualquer lugar do planeta através de uma conexâo à internet. Detalhando um pouco mais, o serviço funciona assim: você tem um arquivo que deseja arquivar “nas nuvens”, como é atualmante chamado o repositório em servidores de internet. Basta você acessar (ainda não é reconhecido como verbo, minha gente, sendo que o correto seria dizer “ter acesso” mas não adianta nadar contra a correnteza) um site de compartilhamento por HTTP e enviar seu arquivo. Após isso, ele lhe mostrará um link de internet e com este link você pode fazer um download desse arquivo em qualquer computador com acesso à internet.

“Mas então por que toda essa celeuma? É um inocente serviço de armazenamento de arquivos.”, perguntará você, meu incauto leitor. Sim, é realmente um inocente serviço de armazenamento de arquivos. Mas, como tudo na vida, pode ser usado de várias formas. Às vezes, nós, usuários, usamos nossa máscara de anjo e outras vezes a de diabo. Esse inocente serviço passou a ser um problema porque o que a esmagadora maioria (e por “esmagadora” eu acho que, com folga, me refiro a pelo menos 95% dos usuários) enviava arquivos para os servidores e depois os compartilhava abertamente. Por exemplo, não havia impedimento técnico nenhum que evitasse que eu convertesse um CD qualquer da minha coleção para Vorbis (ou, argh!, MP3) e colocasse todas essas músicas em um arquivo do tipo RAR apenas para agrupá-los e não pela compactação em si que seria desprezível – os formatos de som quase não têm redundância, o que torna a compressão inútil. Depois disso, bastaria fazer o upload para o site e em seguida mandar o link resultante para todos os meus amigos por e-mail ou até publicar em um site. Assim, estaria infringindo as leis de copyright que vigoram em todo o planeta ao divulgar um material que não me pertence. Não, caro leitor, você não “possui” as músicas que compra em CDs ou até mesmo eletronicamente. Nem o software que você adquire. O que você compra é uma “licença de uso”, ou seja, o direito de usar as músicas ou software mas não detém direitos autorais sobre eles. Não pode dispor deles como bem entender.

Esse tipo de serviço funciona há muitos e muitos anos assim. Então, por que atacar agora? E por que o MU, como era chamado o MegaUpload entre seus usuários? Bem, na verdade, isso não começou agora. Há anos que as entidades que representam artistas, gravadoras e estúdios de cinema e TV tentavam derrubar esses sites mas com sucessos bastante limitados. A pergunta “por que o MU” é fácil de responder. Ele era um dos maiores e mais bem avaliados nas comunidades mundiais. Confiabilidade, estabilidade, boa velocidade de download, mesmo para usuários não pagantes (praticamente todos esses serviços dispõem de pacotes do tipo “premium” em que um usuário pagante tem privilégios, tais como maiores velocidades de download, não ficar vendo anúncios o tempo todo ou poder enviar arquivos maiores que os usuários gratuitos, etc) fizeram a fama do MU crescer ao longo dos anos.

A pergunta “por que agora” é mais obscura. Depois do fechamento do site, muita coisa foi dita e escrita e, obviamente, sendo a internet um canal livre, nem tudo que surgiu é confiável. Um dos fortes boatos foi o de que eles estariam prestes a lançar um serviço de downloads “legalizados”, para comercialização de músicas e filmes e isso deixou a concorrência de cabelos em pé. Um serviço que já tinha fama gigantesca provavelmente ganharia uma parcela bastante expressiva do mercado. Assim, os concorrentes tradicionais fizeram pressão para que o site “pirata” fosse tirado do ar antes que esse novo serviço “legal” viesse à tona. Não sei o suficiente para poder confirmar ou descartar a informação mas os rumores a respeito foram bem grandes.

De qualquer forma, vamos voltar ao título desse texto. Adianta caçar bruxas? Afinal, eles derrubaram o maior e mais conhecido mas são literalmente milhares de serviços miúdos disponíveis para os usuários. Uma série de sites menores, até então ignorados pelo mundo digital, começaram a despontar para ocupar o vácuo deixado pelo gigantesco MU. O fato é que agora a procura pelo serviço está dando preferência aos serviços oferecidos a partir da Europa ou Ásia e não mais nos Estados Unidos, onde estariam sujeitos às ações do FBI, responsável pela desativação do MU.

Para tentar deter o avanço desses novos serviços, várias leis estão sendo debatidas para criar um código regulador que, esperam, seja adotado por todos os países pelo planeta afora e que daria poderes de polícia principalmente aos americanos, sempre eles, sobre o conteúdo divulgado na internet.

E é justamente aqui que queríamos chegar. Sob o pretexto de proteger os direitos autorais de obras comerciais estão tentando amordaçar o canal mais livre existente no mundo. Querem colocar um grande cabresto na maior ferramenta a favor da liberdade de expressão já criada pela humanidade. O fato é que governos e empresas se sentem bastante desconfortáveis diante da internet. As empresas até que nem tanto, visto que ela se tornou em um poderoso canal de negócios. Mas eles ainda não sabem como lidar com aquele lado da internet que não admite controle. E os governos menos ainda. Vide os episódios de vazamento de informações sigilosas proporcionada pelo WikiLeaks há alguns meses e que gerou constrangimentos em maior ou menor escala mundo afora. Os governos, esses sim, seriam os maiores beneficiados pelo controle da internet, mesmo os ditos “democráticos”, porque todo mundo tem telhado de vidro em algum lugar. Que atire a primeira pedra aquele que for inocente. Falcatruas, ilegalidades, abusos e muita besteira também, não há como negar, vêm à tona diariamente pela internet. Países fortemente estatistas, como a China, têm enormes dificuldades em censurar o que circula pela rede. A China é provavelmente o país mais eficiente nesse assunto mas é como tentar construir uma barragem contra um rio que não pára (sempre com acento!!) de crescer. Em algum momento eles terão que ceder. É questão de tempo.

Voltando às empresas, elas gostariam de poder contar com a internet como canal de vendas mas igualmente gostariam de varrer para o lixo a parte dela que se presta à divulgação de informação e conteúdo, o que é obviamente ridículo. É o mesmo que construir um castelo de areia na praia e ficar esbravejando contra o mar a cada subida da maré. O mar não está nem aí. Entretanto, a ameaça à liberdade de expressão na internet existe e não pode nem deve ser ignorada. As tentativas de legislação planetária que citei estão em andamento. Existem modelos em discussão em vários países. É bom ficar de olho bem aberto. Nas palavras de Mike Godwin, da Electronic Frontier Foundation: “Me preocupa que daqui a 10 ou 15 anos, minha filha, hoje pequena, me pergunte: ‘Papai, onde você estava quando tiraram a liberdade de expressão da internet?’”

O que a indústria tenta salvar desesperadamente é um modelo de negócio completamente dissonante do século XXI. Até o surgimento da internet e compartilhamento livre de informações e arquivos, as gravadoras eram um mal necessário, do ponto de vista do artista. Como regra, ele não podia abrir mão de um grande canal de divulgação e distribuição e, assim, se sujeitava a ficar preso a um contrato com uma gravadora que produziria e venderia seu material, dando a ele uma parte bastante singela dos ganhos. A internet subverteu esse modelo. Qualquer um pode montar sua banda na garagem de casa, gravar seu disco ou clipe e colocar na internet pra todo mundo ver. E aí, basta aquele golpe de sorte que faz com que alguns desses arquivos caiam nas graças do público para se tornarem virais e ganhar fama e fazer sua fortuna de forma totalmente independente de um grande grupo. Todo mundo sabe que isso é possível. Até a Luíza, que já voltou do Canadá, por sinal. (Entedeu o que significa ser “viral”? Aquilo que se espalha como um vírus.)

Lembre-se de que a caça às bruxas, na Idade Média, somente serviu para as pessoas e a Igreja se livrarem de seus inimigos da forma mais sórdida: “purificados” pelas chamas. A expressão foi novamente utilizada várias vezes na história humana e sempre em contexto de perseguição injusta, atendendo a interesses de uns poucos. Você tem certeza de que é assim que quer ver a história da internet daqui a alguns anos?