quarta-feira, 3 de março de 2010

Moderninho? Quem? Eu?

Ultimamente temos ouvido falar bastante sobre tecnologia de imagem em 3D. A tecnologia existe há muito tempo e mais de uma vez se tentou introduzi-la no mercado mas até então sem sucesso. Era tratada pela população como uma curiosidade mas nunca se sustentou economicamente, voltando ao limbo até a próxima surtida.

Eis que os novos lançamentos deram uma oxigenada na técnica. O estrondoso sucesso de Avatar e outros lançamentos recentes chamaram a atenção do público e tudo indica que desta vez o sistema 3D veio pra ficar. Melhorias técnicas (que ainda não dispensam o uso de óculos especiais, infelizmente) e filmes com grande apelo popular devem consolidar de uma vez essa forma alternativa de mergulhar na realidade cinematográfica.

O cinema, desde sempre, foi um meio de entretenimento envolvente. Quando estamos numa sala de projeção, nos esquecemos do mundo real por um período de aproximadamente duas horas. Nossos problemas, nossos compromissos, nossas personas até, ficam adormecidas e durante aquele espetáculo nós passamos a ser outras pessoas, a viver outras "realidades". Uma tecnologia que torne a ambientação ainda mais envolvente tem um grande apelo, com certeza. Mas isso não substitui a necessidade de ter algo a se apresentar ao público. Filmes ruins não tornarão a tecnologia um sucesso, até porque os ingressos custam mais que os das salas convencionais e a novidade em si não é um fim que justifique tirar alguém de casa para ir ao cinema. Ela é, como sempre, uma ferramenta, um meio de tornar mais interessante uma boa história, com um bom elenco, cenários, etc.

Essa é uma modernidade fácil de assimilar, até. O uso de óculos especiais não serão limitadores à aceitação por parte do público. Por outro lado, para mim, nem toda modernidade é bem-vinda. Ainda não tive a oportunidade de ter em mãos o Kindle, iPad ou qualquer outro leitor eletrônico (e portanto escrevo usando apenas meus preconceitos) mas não consigo me imaginar lendo um livro numa tela digital. Para mim, livro é livro. Simplesmente não consigo me concentrar lendo algo na tela de um computador. Sei que existem motivos ecológicos para adotar a nova tecnologia e provavelmente não terei como resistir a ela eternamente, se a mesma se estabelecer. Apenas considero que resistirei o quanto puder.

O livro tem um charme. Quem gosta de livros sabe do que eu falo. O peso nas mãos, o toque do papel, a virada de página, o cheiro do livro, tudo isso faz parte da ambientação que ele proporciona. Ainda que não intencional, é como se fosse a nossa sala de cinema durante uma leitura. Ao reconhecermos todos esses detalhes familiares, nos sentimos à vontade, nos recostamos na poltrona favorita e mergulhamos no texto e ,tal qual no cinema, nos esquecemos do mundo real à nossa volta.

O fato é que eu sou um sujeito apaixonado por tecnologia, me interesso por novidades mas não necessariamente me deixo envolver por cada um de seus novos aspectos. Existem coisas que sempre terão um lugar especial na minha vida e que não são substituíveis por equipamentos, gadgets ou coisas que o valham. Ou seja, sou um romântico. :)

Mas tudo bem. Se você não pensa assim, no problem! O importante é não se tornar um alienado tecnológico mas também evitar se tornar refém das novidades. Encontre seu ponto de equilíbrio, sua zona de conforto. Não fuja da experimentação mas não se renda à tecnologia só pela novidade. Descubra o que o deixa satisfeito, tranquilo e mãos à obra. Esses momentos de lazer são seus e, como tais, sagrados. Portanto, cumpra seus rituais com a pompa e circunstância que eles merecem. E seja feliz.

2 comentários:

  1. Conhecer e Compreender estas novas tecnologias apresentadas a nossa sociedade é primordial para a ampliação do conhecimento do individuo, contudo estes indivíduos já apresentam uma base de conhecimento que os mesmos adquiriram através de coisas que hoje são obsoletas, portanto, o velho um dia já foi novo e será que no dia que o novo se tornar velho estaremos prontos para conhecer algo novo?
    Gostei do jeito que você escreveu Cuca, eu sou meio suspeito para falar de coisas novas, pois adoro sentir um pingo de nostalgia no ar, lógico que sem tentar adquirir o máximo de conhecimento e comodidade que estas tecnologias tem a me oferecer.

    Abs.
    LuiizFelipe

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  2. Também gosto da nostalgia e aprecio um bom livro de papel, principalmente os amarelados e com anotações feitas pelo dono antigo. Porque normalmente aprende-se muito mais com um livro nestas condições. (Harry Potter, nas aulas de poções, que o diga. kk)

    Sobre as novas "velhas" tecnologias.. Fugindo um pouco do tema cinema, eu fico apreensivo com um fato que tenho notado.

    Tecnologicamente o Homem avançou muito, mas evolutivamente parecemos ter decaído imensos degraus.

    Hoje, a um toque de tecla, podemos comunicar com pessoas que vivem distantes. Mas, no entanto a verdadeira comunicação parece não mais existir.

    Isto para mim é muito preocupante! E me assusta!

    Porque valores como: ética, honra.. E entre muitos outros valores, o respeito com o semelhante e dessemelhante não existem mais. Se é que um dia existiram (vide escravatura, guerra dos cem anos, etc..).

    A história de Avatar ilustra bem isto.

    Uma pena!

    Bom... Cuca, parabéns pelo Blog! Irei visitá-lo com bastante freqüência!

    Sherlock

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